Espetáculos Atuais
O Crocodilo
Estreia: 2018
Dramaturgia, encenação e atuação: Lígia Helena e Paulo Gircys
Cenografia e iluminação: Mauro Martorelli
Figurinos: Lídia Moura
Operação de som: Carolina Ferraresi
Técnico de palco: Arthur Hideki
Provocadores cênicos: Judson Cabral, Marcelo Gianini, Marcio de Castro, Michelle Lomba, Paula Carrara.
Duração: 50 min.
Em uma Passagem um homem comum é engolido por um crocodilo. Ainda vivo, e gerando lucro ao dono do réptil, um estrangeiro, ele começa a vislumbrar a grande figura que poderá se tornar mantendo-se deitado de lado, com tempo suficiente para criar novos pensamentos para uma nova sociedade. A ascensão do crocodilo e do dono do crocodilo também poderá ser sua ascensão.
Qual sociedade é possível existir se diante da primeira chance de se colocar confortavelmente deitados de lado, cedemos?
O Crocodilo é a adaptação do conto fantástico de Dostoiévski pela Cia. Estrela D’Alva de Teatro que conta a história de homens comuns que, com a chegada do capital estrangeiro e a possibilidade de ascensão econômica, ainda que devorados por um crocodilo, ainda que gerando lucro para outros, ainda que destruindo a organização coletiva, se satisfazem em viver digeridos pelo crocodilo.
Ulisses Molly Bloom - Dançando para adiar ou Ulisses à Deriva
Estreia: 2012
Encenação: Marcelo Gianini
Elenco: Lígia Helena e Paulo Vitor Gircys
Músicos: Quarteto à Deriva com: Beto Sporleder, Daniel Müller, Guilherme Marques e Rui Barossi
Dramaturgia: Lucienne Guedes e Marcio Castro
Direção de atuação: Carina Prestupa
Direção de Arte: Marcelo Denny
Ajuste de figurinos: Lídia Moura
Trabalho de voz: Paula Carrara
Trabalho de corpo: Juliana Monteiro
Provocação cênica: Luiz Fernando Marques
Consultoria teórica: Sérgio de Carvalho e Caetano W. Galindo
Iluminação: Jorge Pezzolo
Fotografia: Sueli Almeida
“Ulisses Molly Bloom – Dançando para adiar” é a trajetória de um homem, Leopold Bloom, que sai de casa na desculpa do cumprimento de sua agenda de trabalho, mas que na verdade passa o dia na tentativa de encontrar algo a fazer e a inventar, enquanto sua mulher, Molly, fica sozinha em casa.
Bloom vive e dança a cidade, dança o retorno, adia o retorno. Entra em contato com um mundo extremamente vivo, vaga pelas ruas, encontra homens e mulheres, alucina, sem nunca conseguir se esquecer da imagem assustadora e sedutora de Molly, que provoca desejo e medo em Bloom.
O espetáculo é um poema cênico, livremente inspirado na obra “Ulysses”, de James Joyce, em que o teatro e a dança são o suporte da cena.
Projeto “Histórias de Brincar, Histórias da História”
Estreia: 2017
É o projeto da Cia. Estrela D´Alva de Teatro para contações de história para crianças. Desde sua fundação, em 2005, o grupo trabalha principalmente com a adaptação da literatura para o teatro, tendo como foco a pesquisa da palavra em cena, do ator narrador e da transformação da ficção literária em estética teatral.
Em 2017, como continuidade de seus projetos de estudo da palavra para a criança, a Cia. lança mão do formato de contação para criar suas próprias histórias, retomar a narrativa do contador que narra, recria, reinventa.
São dois os caminhos: No primeiro transformar o imaginário da criança, seus medos, seus afetos, seu olhar para o mundo dos adultos em histórias de brincar. No segundo adaptar narrativas históricas para a narrativa da história infantil, se perguntar: como seria a história do mundo se fosse narrada pelo olhar da criança? Como personagens históricos narrariam suas próprias biografias se ainda fossem crianças?
Sem perder a relação direta com a literatura, com o formato da narrativa dos livros infantis, a Cia. quer transformar a palavra em imagem, a oralidade em composição de um imaginário coletivo.
Coisas de Nina, Coisas de Arthur
“Medo, medão da solidão, medo de multidão”
Toda criança é um pouquinho igual, um pouquinho diferente. Toda criança tem medo, uma tem medos pequenos, outras medos gigantes. Toda criança gosta muito de alguma coisa, mas gostam de coisas diferentes. Toda criança tem uma mania, mas são manias malucas e diferentes. E neste ser igual, ser diferente as narrativas infantis vão se construindo.
Com a Nina e o Arthur, amigos desde pequenos, moradores da mesma cidade, é assim. A Nina tem um medo só, o Arthur um zilhão deles. O Arthur é apaixonado por brincar de água, água de bolha, água de bacia, água de beber. A Nina quer mesmo é salvar o mundo como uma grande cavaleira montada em um cometa.
Duração: 45min
“Coisas de Nina, Coisas de Arthur”, e não coisas de menina e coisas de menino, é uma história criada pelas mães da Nina e do Arthur a partir destas coisas de ser igual e de ser diferente. Dividia em três partes e contada sempre por dois atores/atrizes, a história se inicia com uma narrativa apoiada na oralidade das crianças, passa por um gigante livro de desenhos trazendo para a cena a ideia de mediação de leitura e termina numa história de brincar, com água, bolhas de sabão e um enorme tubarão.
Desconstruindo a lógica de palco/plateia os atores se dividem à frente e nas lateralidades do público, porque “a Nina mora do lado de lá e o Arthur mora do lado de cá da cidade”, e de repente, envolvendo a plateia na brincadeira, atravessam este público porque “de vez em quando um atravessava a cidade de lá pra cá, a casa do outro se enchia de cheiro de café e eles iam brincar no quintal.”
Nina, Pagu e Frida
A história como ciência significa para a criança um horizonte muito distante, ou algo que ela vai interagir em idade escolar quando já estiver adentrando a pré-adolescencia. No entanto, existe um entendimento de história, que é justamente aquele resgatado através de uma olhar não oficial para a história, através do resgate da memória dos mais velhos e das narrativas construídas através da história oral, que significa ver historicidade em gestos simples, em pequenos movimentos e em grandes histórias de vida. Como transpor tudo isso para o imaginário da criança é a tarefa encabeçada pela Cia na contação Nina, Pagu e Frida.
Se a história é uma matéria que só aparece na escola lá no quinto ano, quando estamos grandes e sabidos, qual é a história que narramos pras crianças antes disso?
Duração: 45min
Há claro, as histórias de ficção, os livros deliciosos que inventam coisas incríveis pra movimentar a imaginação. Mas e a história que é histórica? Esta que faz a nossa vida ser hoje como ela é e não de outro jeito? Podemos contar esta história pras crianças?
Esta vontade de romper as barreiras cronológicas da própria história e de quando as narramos para os nossos filhos nos fez escolher três grandes mulheres que além de artistas incríveis da música – Nina Simone, da Literatura – Patrícia Galvão e das artes visuais - Frida Kahlo. Estas mulheres e suas biografias deram conta de momentos históricos no mundo em que elas lutaram por igualdade social, de raça e de gênero.
Narrada por três atores/atrizes que brincam de ser as próprias artistas ou até mesmo as obras de arte criadas por elas, a contação se coloca na escuta de uma criança que quer saber quem é aquela pessoa tão importante que todo mundo ouve, lê ou vê. A infância das três mulheres é levada em conta nas três narrativas como forma de fazer vislumbrar nas crianças a possibilidade de seguirem caminhos iguais, se identificarem com o jeito da Pagu andar de bicicleta com o Imperador da China, da Nina querer ser pianista clássica, da Frida copiar o trabalho do pai.
Ao mesmo tempo em que falamos delas, falamos de seus países, do que estava acontecendo no mundo, encontramos a universalidade das narrativas históricas e descobrimos que elas também se fazem presentes em nossas ficções.