Por Sueli Almeida
Para que um espetáculo teatral chegue ao público, os ensaios são de crucial importância. Eles, em especial os que se realizam várias e várias vezes até que a estreia aconteça, sempre me fascinaram. Da semente lançada com o tema principal, tudo nestes momentos vai tomando corpo, se moldando, através de um trabalho árduo, regado a muita determinação e a muita busca de informações e decisões, com erros e acertos em toda a sua trajetória. É como o ceramista, que do barro vai modelando o vaso. E então, na temporada, todo o esforço até ali despendido mostrará seus resultados, para o bem ou para o mal, determinado pela aceitação do público e da crítica.
Ulisses Ensaio Aberto
Normalmente realizados em outros espaços que não o da apresentação efetiva, os ensaios se transformam em definição de inúmeros pontos, aqueles que, juntos, formarão o espetáculo como um todo, montado quiçá a partir daqueles antes retratos híbridos imaginados entre os artistas e seus personagens. Neste período, moldam-se falas, gestuais, trejeitos, define-se o texto, ali trabalhado à exaustão, marcam-se as cenas e muito mais, num trabalho que une todos os indivíduos envolvidos no processo, através de suas mais variadas funções, assim se definindo a sustentação para que o espetáculo aconteça.
Antes de a tríade essencial ao espetáculo – texto – ator e público – se tornar realidade numa primeira apresentação, muito mais até ali já foi feito, e isto tudo envolverá maquiagem, cenário, iluminação, sons, música, figurino, adereços e o que mais for necessário ao atingimento do propósito primeiro de quem idealizou todo o projeto e que, sozinho, nada faria. O ensaio vai ajustando todos estes itens. E, na visão de quem está olhando, observando de um outro ângulo, de quem está apenas registrando toda a evolução que naturalmente acontece através destes processos, as imagens daí obtidas parecem mágicas. Sim: o Fotógrafo, tendo a capacidade de bem olhar, vai registrando cada detalhe e, o mais incrível, os atores vão tomando estas imagens como veículos para melhorarem neste ou naquele ponto em sua performance. E interessante é que
A Incrível Batalha
este processo se estende por todo o período da temporada. Todos aprendendo com todos, todos se aperfeiçoando com todos, numa constante revisão de seus fazeres, transformando e vivenciando tudo num acontecimento colaborativo, fruto de uma vivência compartilhada.
Está aí uma troca que se estabelece de forma espontânea. Sabemos que somos todos aprendizes nesta vida que tantas lições nos oferece. Com a conexão existente entre a arte da fotografia e a arte do fazer teatral, uma dando suporte à outra, vemos demonstrada a forma como nossa aventura humana pode – e deve – ser encantadora, particularmente no mundo do Espetáculo! E a Fotografia, tendo nos dado a possibilidade da recriação de momentos únicos – posto cada apresentação ser sempre única – nos coloca, através dos clicks daí gerados, diante também de uma criação artística. Os ensaios, no final das contas, são para todos nós.